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Prefácio
Revma. Irmã Marie Rose,
O seu livro chegou no momento oportuno. O
interesse pelo canto eclesiástico tem crescido bastante em nossa terra neste
último decênio. Os amigos das castas e ingênuas melodias de S. Gregório,
encontramo-los numerosos em todos os setores sociais. O próprio rádio
contribuiu para torná-las conhecidas e apreciadas.
Aqui está a oportunidade da sua obra.
O seu livro é
a teoria e a prática de Solesmes, vivida e replicada na Escola de Paris. O seu valor inestimável é a fidelidade à tradição dos monges de D. Guéranger.
Eles reconstruíram para a cristandade um dos monumentos mais veneráveis da sua
cultura, o canto litúrgico; não se contentaram em
arrancar aos arquivos documentos esquecidos, com a paciência
e a preocupação científica própria
dos filhos de S. Bento, mas infundiram movimento, vida e beleza ao fruto de sua
pesquisa. O canto gregoriano nasceu não para o gozo estético
dos salões, mas da necessidade intima e profunda do cristão
de louvar e engrandecer o seu Deus. Pelas melodias simples e austeras do canto eclesiástico perpassa um
grande hálito sobrenatural.
O canto gregoriano é oração e oração oficial da Igreja.
Deve, portanto, para não ser desvirtuado e incompreendido,
ser prevalentemente, senão unicamente, apreciado sob o ângulo
visual místico, isto é, como expressão
vital da mística Esposa de Cristo.
É necessário
que o canto litúrgico seja largamente restabelecido
no uso do povo e na vida cotidiana dos seminários e conventos. O
gregoriano tem de viver em nossa piedade e
dar-lhe, ao mesmo tempo, cunho de profunda
seriedade e serena contemplação, o que lhe é característico.
É urgente... Do contrário, essas santas e
venerandas cantilenas correm risco de serem apenas
amostras do passado para curiosidade e satisfação
de profanos em demonstrações profanas.
Este é o momento marcado pela Providência para o Brasil ouvir a mensagem do Canto Gregoriano, mensagem universal de paz e amor. E para o Brasil ouvir esta mensagem é mister que das catedrais, das igrejas e capelas ecoem pelas praças
e pelos campos e quebradas a
salmódia tranquila e os transportes melismáticos
do Canto de S. Gregório.
O seu livro, Irmã, concorrerá para este futuro de esplendor e faço
votos, não muito distante.
Rio de Janeiro,
festa de Corpus Christi - 1952
Mons. João B. da Mola e
Albuquerque
- 234 Pag.
- 21,3 MB
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